Foto: Memed.com.br/Reprodução |
A reta final do inverno e chegada da primavera trazem consigo o aumento dos casos de catapora na região. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), o vírus, também conhecido como varicela, é altamente contagioso e tem taxas de ataque que variam de 61 a 100%. Especialistas alertam para tendência da doença em crianças e a importância da vacinação para prevenção da doença.
Conforme o Boletim Epidemiológico da Sesab, em 2022 a Bahia registrou 867 casos de varicela. Neste ano, até o dia 08 de junho foram notificados 333 casos da doença, uma redução de 16,7% em relação ao mesmo período no ano passado (400 casos). Porém, o maior número de casos do estado foi notado em Salvador, com 82 notificações, representando 24,6% do total notificado no estado.
O número de surtos, que representam um aumento localizado de casos, também foi maior na capital. De acordo com o boletim, até o dia 8 de junho deste ano, 16 surtos foram registrados no estado, sendo 6 apenas em Salvador.
Consequentemente, o município também teve maior número de internamentos, com 6 casos. O boletim também revela que a doença é mais comum em crianças com menos de 1 ano de idade, seguido pela faixa etária de 1 a 4 anos de idade.
De acordo com Ludmila Carneiro, pediatra da Clínica de Saúde e Imagem (CSI), as crianças são mais suscetíveis à varicela porque geralmente não receberam a vacina, que é liberada a partir de 1 ano. Ela explica também que quem já teve catapora, desenvolve imunidade contra doença.
“Embora os sintomas, como febre, erupção cutânea e coceira, possam ser desconfortáveis, a maioria das crianças se recupera bem e a doença costuma ser mais leve nessa fase”, completa.
A pediatra alerta que a transmissão do vírus também pode acontecer por objetos contaminados. “A varicela é altamente contagiosa, crianças frequentemente têm mais contato próximo umas com as outras, seja na escola, em creches ou em casa, o que aumenta as chances de exposição ao vírus”, descreve.
A catapora pode ser um período de muito desconforto para os pequenos por conta da coceira que as vesículas na pele provocam. Ludmila destaca que é importante manter as unhas da criança curtas e limpas para evitar lesões na pele, “as vesículas podem facilmente se romper e se tornar feridas abertas, o que aumenta o risco de infecção”.
“Também é essencial garantir o conforto do pequeno, manter a hidratação adequada, garantir o descanso e colocar roupas leves e confortáveis para evitar o atrito com a erupção cutânea”, aconselha a Dra. Segundo ela, o tratamento da doença nas crianças geralmente acontece com analgésicos e antialérgicos para acalmar os sintomas.
Dependendo da gravidade e duração da doença, também podem ser prescritos medicamentos mais fortes. Ludmila revela que caso a catapora não seja cuidada adequadamente, podem ocorrer complicações como infecções na pele causadas pelo rompimento das bolhas e surgimento de feridas abertas. “Embora seja raro, a catapora pode causar algumas complicações como pneumonia, inflamação ocular e encefalite. Crianças com comorbidades ou deficiência imunológica podem ser mais suscetíveis as complicações graves da catapora”, alerta.
A varicela é mais comum em crianças, porém adultos apresentam maior risco de evolução da doença com complicações, hospitalização e óbitos.
Segundo o infectologista e consultor técnico do Sabin Diagnóstico e Saúde, Claudilson Bastos, além da falta de imunização, o maior contágio acontece pelo período do ano. “No inverno as pessoas se aglomeram mais e estão em contato umas com as outras, a transmissão é aérea e pode surgir até meio-período da primavera, porque costuma ser chuvoso e frio em alguns lugares”, explica.
Ele informa ainda que nos adultos os sintomas nos 3 primeiros dias também começam com erupções cutâneas na face, couro cabeludo ou tronco. “Nos próximos dias elas evoluem para bolinhas com pus e crostas, tendem a surgir mais nas partes cobertas do corpo, podendo aparecer no couro cabeludo, na parte superior das axilas e nas membranas mucosas da boca e das vias aéreas superiores”, ilustra.
Diante do quadro, um adulto pode evoluir com complicações como pneumonia, meningites e infecções de pele. O Dr. explica que o tratamento é o uso de sintomáticos e cuidado com a pele. “Se deve tentar evitar coçar para não haver traumas evitando infecções, em algumas situações pode ser usado antiviral de acordo com a avaliação médica e anti-alérgicos e alguns produtos tópicos para minimizar as coceiras”, completa.
O Boletim Epidemiológico da Sesab aponta que a cobertura vacinal contra varicela se manteve em 80% desde 2015, abaixo da média ideal, que seria 95%, o que pode favorecer surtos da doença. Conforme a Dra. Ludmila, a vacina ajuda a reduzir significativamente a incidência da varicela em crianças. “O primeiro e mais importante cuidado é garantir a vacinação de acordo com o calendário recomendado. Na rede pública, o esquema é feito aos 15 meses e segunda dose aos 4 anos. A vacina é segura e altamente eficaz”, defende.
A vacinação pode ser iniciada aos 12 meses com esquema de 2 doses com intervalo de 60 dias entre elas. A pediatra aconselha que os responsáveis verifiquem se outros membros da família estão vacinados. “A vacinação de irmãos e outros membros da família não apenas protege essas pessoas, mas também ajuda a prevenir a propagação do vírus para outras crianças em contato próximo”, conclui.
Portal da Massa
Comentários